“Respirando Melhor”

Revista MECÂNICA Ed. 176

Para tentar ganhar performance no motor, alguns acham que vale tudo. Quem nunca ouviu falar de “inventores” que colocam naftalina no tanque de combustível ou retiram o filtro de ar? Só que estas duas “soluções” são bastante prejudiciais ao motor. Em primeiro lugar naftalina só serve para espantar traças do armário e, misturada à gasolina, acaba criando cristais dentro do motor e literalmente travando os pistões.

A retirada do filtro também ataca o mesmo local: os pistões e seus anéis. Sem filtro, toda poeira e partículas em suspensão no ar são literalmente engolidas pelo motor, o que aumenta o atrito interno e acelera o desgaste. Para melhorar a “respiração” do motor, existe uma opção mais correta: utilizar filtro de ar esportivo. Além de serem baratos, os filtros especiais – encontrados nos mais diversos tipos e modelos – têm instalação simples e rápida.

Os filtros se diferenciam devido ao encaixe e à aplicação. E as diferenças maiores ficam para os motores com injeção eletrônica ou com carburador. De acordo com o preço (geralmente entre R$40 e R$ 150 ‘Filtros nacionais’), varia a qualidade do filtro e até seu rendimento.

Maior Fluxo

O filtro esportivo garante praticamente o mesmo efeito de rodar sem o elemento filtrante, permitindo admitir maior quantidade de ar. Porém, ele impede que impurezas e objetos entrem no motor, ainda que sua eficiência na filtragem não seja a mesma do filtro original. Assim, antes de passar pelo corpo de borboleta, coletor de admissão e entrar para o motor, o ar aspirado passa por alguma filtragem. A vantagem do equipamento esportivo está num funcionamento mais livre devido ao maior fluxo de ar. Já as desvantagens ficam para uma filtragem menos rigorosa e geralmente maior ruído: o barulho de aspiração se destaca bem mais.

Geralmente os equipamentos importados trazem na embalagem o volume do ar aspirado pelo motor, comparando o rendimento do filtro original com o especial. A comparação mostra a aspiração tanto de elementos filtrantes usados como novos(veja gráfico ao lado).

Além do formato, os esportivos utilizam materiais diferentes: enquanto os originais têm elemento filtrante de papel (colocado dentro de uma caixa), os esportivos ficam à mostra e são de feltro especial, coberto com um aramado para maior resistência.

Esse material recebe tratamento especial para resistir melhor a umidade e alguns podem (e devem) ser lavados periodicamente com água e sabão (ou detergente), daí sua maior durabilidade. Alguns tipos de filtro esportivo, depois de lavados, exigem que sejam embebidos com líquido especial encontrado em lojas de preparação.

Diferentes

Em carros atuais, equipados com injeção eletrônica, a instalação de um filtro especial costuma ser simples, não sendo necessário mexer no módulo ou chip que comanda a injeção. Os sistemas têm uma faixa de auto-ajuste e passam a enviar mais combustível para acompanhar a entrada de ar levemente maior. Quem quiser maior potência ou torque pode também instalar um chip especial no módulo da injeção eletrônica, encontrado em oficinas ou casas especializadas. Assim, o filtro esportivo terá uma ajuda extra num possível ganho de rendimento. Com maior volume de ar admitido, um chip também mais esportivo pode otimizar as curvas de injeção de combustível (e de ignição), deixando o motor um pouquinho mais “apimentado”.

Neste caso, o serviço deve ser iniciado com a instalação do novo chip, para depois colocar o filtro mais adequado ao novo ajuste do motor. Um outro “veneno leve” que combina bem com chip e filtro de ar esportivo está na adaptação de um escape que permita melhor exaustão dos gases queimados.

Nos carros mais antigos, ainda com carburação, o filtro utilizado tem formato e encaixe totalmente diferentes dos usados no motor com injeção. Neste caso geralmente o filtro complementa um retrabalho de carburação, com troca de venturi e acertos de giclês do carburador.

Para melhorar a mistura de combustível em motores carburados, além de acertos de giclagem, também se faz uma entrada mais rápida do segundo estágio do carburador.

Ou seja, com mais combustível, a maior quantidade de ar admitida pelo filtro esportivo pode ser melhor aproveitada. Desta forma, cada motor tem seu filtro específico. Para os motores mais antigos, Carburados, o formato geralmente é de “Marmita” e variam na altura e comprimento de acordo com o tipo e cilindrada do motor.

Dentro desta marmita metálica fica o elemento filtrante, que pode ser trocado ou lavado, dependendo do modelo. O encaixe do filtro no topo do carburador deve ter boa vedação e aperto correto, para evitar entrada de ar não filtrado. Motores turbinados ou carros que dispõem de pouco espaço para filtros grandes podem utilizar versões especiais: filtros pequenos com superfície de mesmo diâmetro em toda extensão. Ao contrário de outros modelos, mais comuns, com formato de cone, que não cabem em locais apertados.

A “boca” do filtro, no entanto, deve ter tamanho equivalente ao do carburador ou turbina para encaixe perfeito. Caso contrário, existem suportes especiais em alumínio, nacionais ou importados, para se fazer o encaixe.

Para quem quer deixar o sistema original, há filtros mais “civilizados” – com um pequeno aumento de fluxo de ar – com formato semelhante ao de fábrica. Este elemento também é feito de feltro especial e sua principal vantagem está na instalação imediata e sem mudança visual. A restrição está no fato de geralmente serem importados e o preço pode ser elevado.

Instalação e cuidados

Na instalação do equipamento deve-se levar em conta o local onde ele vai ficar, pois assim como o sistema original, o filtro deve captar ar fresco e o mais limpo possível. Portanto, evite a instalação perto de locais quentes, como do coletor de escape, por exemplo.

Se for necessário, demensione um tubo metálico para o filtro ficar próximo da grade do motor. Em suas pontas, use dois pedaços de mangueiras de borracha com abraçadeiras para prender o filtro no bocal do motor. Para um serviço mais bem acabado, toda a tubulação plástica do filtro original deve ser retirada, mas guarde os componentes para recolocar na hora de vender o carro.
Como exemplo de instalação de filtro esportivo, usamos o motor de um Gol MI. Mas sua colocação é muito semelhante ao da maioria dos carros.

Retire as presilhas da tampa do filtro de ar. Em seguida, solte a braçadeira original da tubulação, com uma chave de fenda ou phillips;

Retire a tampa do filtro de ar, junto com seu elemento filtrante de papel;

Se não quiser deixar o sistema original à vista, retire-o por inteiro. Para isso, solte a base da caixa do elemento, com uma chave ‘L’. Em seguida, a mangueira de captação deve ser solta e retirada do painel dianteiro, pois não será necessária com o novo filtro;

Encaixe o novo filtro sem folgas na mangueira de admissão e, em seguida, prenda-o firmemente utilizando a mesma braçadeira do filtro original;

Se for necessário colocar o filtro mais à frente do local, devido ao calor elevado ou falta de espaço, use um tubo metálico cortado na medida correta. Nas duas extremidades(cano e filtro), utilize pedaços de mangueira e braçadeiras. Certifique-se de que tudo está corretamente apertado, não havendo entradas de ar não filtrado. Além disso, cuidado para que nenhuma peça ou ferramenta caia dentro da entrada de ar, pois ela será sugada pelo motor quando ele funcionar.

O novo Filtro

Depois de colocar um pequeno filtro esportivo no lugar do sistema original, saia para experimentar no trânsito urbano e rodovias. A melhora nesse caso, é bastante sensível. O motor fica mais esperto em rotações baixa e a rotação passa a subir mais rapidamente até o limite útil de potência, pouco acima das 5.000 rpm. Além disso, vai notar um ruído mais encorpado e esportivo do ar sendo sugado pelo motor. Um ruído que funciona duplamente. Além de ser um convite a acelerar, ajuda a enganar quando o novo filtro não melhora muito o rendimento do motor.

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