“O Barato do Veneno”

Revista Mecânica – Edição especial Hot Feroz

Gol 1.6 ganha veneno eficiente e barato. Com baixo investimento, o desempenho melhorou, sem prejudicar muito o consumo e a durabilidade.

Ao preparar o motor de um carro para andar nas ruas, o difícil é manter o conforto, o consumo e a durabilidade. Por isso existem “receitas” mais simples de veneno, que já trazem um melhor rendimento, mas apenas se trocam alguns poucos componentes e se gasta pouco, geralmente menos de R$ 1.000,00. Uma destas receitas foi escolhida pelo comerciante Wilson Gomes, 31 anos, que acaba de fazer uma leve preparação em seu VW Gol 1.6 Geração III ex-gasolina, pois agora roda com álcool. Gomes queria um motor aspirado, sem usar turbo compressor, porém mais rápido e potente.

Insatisfeito com o desempenho do motor original 1.6 (de 92cv a 5.500 rpm) Wilson procurou a oficina de preparação NPC Performance , em São Bernardo do Campo (SP). Segundo ele, que antes tinha um Gol 1.6 1997 “Bolinha”, este Geração III se mostrou mais fraco.

A princípio foi instalado apenas um chip especial na injeção eletrônica, que foi remapeada, o que melhorou levemente o desempenho e o torque. Porém, o rendimento ainda deixava a desejar. O Gol voltou novamente à oficina e desta vez a receita aumentou. Começou com a instalação de um coletor de escape 4×1, com dois abafadores, e a troca do comando de válvulas por outro mais forte, de 272º. O cano de escapamento passou para duas polegadas de diâmetro para deixar o motor mais livre, sem fazer muito barulho.

Tudo de novo

Apesar da boa potência em rotações mais elevadas, a marcha lenta ficou mais “pipocante” (devido ao comando bravo) e as arrancadas ficaram mais lentas, pois houve perda de torque. Como o carro é mais usado na cidade, Gomes instalou novamente o comando original, mas desta vez com um chip especialmente preparado para rodar com álcool. O novo acerto eletrônico, com novas curvas de torque e potência, ainda não satisfazia.

Então, mais uma vez se trocou o comando de válvulas por outro não tão forte como o 272º: instalou um 268º emprestado do Ford Escort XR-3. Na injeção foi aumentado o diâmetro do corpo de borboleta, que controla o ar para queima – passou de 52mm para 54mm. O carrinho continuou com o álcool como combustível.

Para completar o tempero, veio um filtro de ar, esportivo e lavável, para garantir melhor aspiração, e uma polia regulável de alumínio para o comando de válvulas. O comando passou a trabalhar dois graus adiantados. As velas foram trocadas por outras especiais, com quatro eletrodos, e o ponto de ignição foi adiantado, passando de 9 para 12 graus em marcha lenta.

As médias com álcool na cidade ficaram em 7,0 Km/litro. Segundo ele, quando rodava na gasolina, o consumo às vezes estacionava nos 6,0 Km/litro. Um dos responsáveis por isso é o novo chip, programado para receber mais torque em rotações baixas, exigindo menos aceleração e deixando rodar em marchas mais altas.

Segundo o preparador Fabio Alexandre, o veneno deve ter acrescentado ao motor algo em torno dos 25 cv, chegando perto dos 120cv, o que reflete numa velocidade máxima de quase 190km/h. O torque também melhorou e o “0 a 100 km/h” deve estar abaixo dos 10 segundos, diz o preparador.

Mais visual

Para acompanhar a nova performance, o visual também mudou. As rodas aro 13 deram lugar a outras de 15 polegadas, de liga leve, com pneus Toyo Proxes 195/50. Além do visual mais esportivo, o conjunto rodas/pneus melhorou a estabilidade. A suspensão, assim como os freios (discos dianteiros e tambores atrás), se mostrou suficiente para o novo rendimento.
Satisfeito com o Golzinho álcool, Wilson pretende instalar alguns acessórios que trouxe dos Estados Unidos. Caso de uma shift-light (luz que indica rotação para troca de marchas) e um medidor da mistura de combustível. O restante continua original, pois o painel já oferece contas-giros de série, complementado apenas por um CD player com módulo e sub-woofer no porta malas.

Wilson garante que o veneno final, hoje instalado no Golzinho, custou relativamente pouco.

Com este investimento já houve melhora na performance e o carro ficou mais esperto no uso urbano. Esse tipo de veneno, (leve e barato) pode ser usado em modelos nacionais, inclusive em motores de cilindrada diferente.

Medo do álcool

Assim como a maioria dos brasileiros, descrente com o carro a álcool, Wilson também demorou a aderir ao combustível vegetal. Só depois de muita insistência do preparador Fábio, ele aceitou a mudança. Após algum tempo rodando com o novo combustível, Wilson diz que o motor ficou mais redondo, “torcudo” e acima de tudo, mais econômico para quem roda bastante, pois o álcool é bem mais barato que a gasolina.
“Valeu a pena a mudança. Se quiser vender o carro, basta trocar o chip. Ou não, dependendo do comprador”. Já com 50.000 km, o motor do Gol funciona muito bem, inclusive com uma marcha lenta civilizada, em torno das 1.000 rpm.

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