“Cavalaria pesada”

Revista FullPower – Ed. 15

São 328 cv de potência e 44 kgfm de torque
num motor com pistões, bielas, cabeçote e virabrequim originais. Quase três vezes a potência original (112 cv) e do torque também (15,8 kgfm).

Na redação da FULLPOWER, todos são loucos por carros (como você e praticamente todos os brasileiros). Porém o mais “nóia” é o Tiago Jorge, um verdadeiro apaixonado mesmo. E ele não gosta de veículos originais, caretas – seu negócio é invenção, motor forte etc.. Duvida? Desde que ele comprou seu Gol 1.0 16V Turbo, zero km, já preparou o chip na Funari. Depois, fez um novo escape e passou a utilizar filtro esportivo. Aos 35.000 km foi à NPC Performance e fuçou mais ainda. E agora, depois de modificações mais sérias, chegou aos 328 cavalos de potência e 44 kgfm de torque?! Isto mesmo, o motor “milzinho” com miolo original (pistões, bielas, cabeçote e virabrequim) rendeu no dinamômetro Dynojet mais potência que um Porsche Carrera (seis cilindros 3.6 24V), com seus 320 cv e mais torque que uma Ferrari 360 Modena (V8 3.5 40V) com 37,3 kgfm.

O mais importante nesta preparação, segundo Jorge, era desenvolver um motor potente sem mexer em seu miolo (para manter a cilindrada e ficar um veneno de fácil aplicação). Foi quase isso. Apenas os comandos de válvulas foram alterados: o de admissão teve o sistema variável (VVT) eliminado e o de escape original foi substituído por outro feito especialmente para o carro, da JPF-Indeco. Essa alteração foi feita para o motor render mais em alta rotação – a fábrica instala o sistema VVT nos Gol Turbo originais priorizando o torque em baixa. No caso de Tiago, como a intenção é quebrar o recorde brasileiro de velocidade em quilômetro lançado para motores 1,0 litro (que prevalece desde a década de 60, com 213 km/h de média, do “Carcará”), o intuito é conseguir potência com giro alto mesmo.

Os equipamentos bolt-on, que são colocados fora do motor, são nervosos. Caso da turbina atual, bem maior que a original: trata-se de uma .38 (carcaça quente) e .42 (carcaça fria), trabalhando com 1.8 kg de pressão – o modelo vem de fábrica com uma .33/.33, com 1.4 kg. Com o aumento de tamanho do caracol e mudança no escape (o coletor agora é de cano, do Binho Escapes, que também fez o escape de 2,0 polegadas), foi preciso diminuir o radiador para que tudo coubesse no cofre. Essa mudança no sistema de refrigeração deixou o motor com 0,5 litro de água/aditivo a menos.

A pressurização agora em alumínio, troca calor melhor do que a de ferro original e tem maior diâmetro (2 polegadas). Um intercooler feito sob medida pela Belquip foi instalado atrás da grade do pára-choque dianteiro, substituindo o original, bem menor, que ficava atrás da grade do capô. O filtro de ar de fábrica também saiu de cena para receber um esportivo cônico, da Redline. Para completar o veneno, Wanderley Raineri, da H.W. Part’s, instalou um kit nitro com apenas um fogger calibrado para 50 cv. “Como a turbina é grande, colocamos o nitro para reduzir ao máximo o ‘lag’ (a demora na pegada da turbina)”, comenta o preparador. No Dynojet, uma surpresa: apesar do fogger para 50 cv, ao injetar o óxido nitroso, vieram quase 100 cv a mais (230 cv sem nitro, 328 cv nitrando e torque de 30 kgfm sem gás e 44 kgfm no gás!!!).

Se você pensa que esse aumento de potência e torque deixa o carro ruim de rodar e gastão, engana-se. Tiago roda todo dia (o dia todo) com a bagaça e confessa: “O carro está liso e fazendo 7 km/litro com álcool, na cidade. Lindo!” A marcha lenta fica nos 900 giros, com toda a tranqüilidade de um motor original. Dá até raiva! Duas bombas de combustível de Gol GTI trabalham em duas linhas independentes, mandando o álcool para a flauta de injeção (especialmente fabricada para o carro), onde vão fixados os bicos. Nas duas extremidades estão as entradas do combustível e no centro há um retorno. Os bicos são de fábrica, porém arrombados para maior passagem de líquido. Não há bicos adicionais!!!

A bomba original é utilizada para mandar combustível quando o nitro entra em ação, evitando assim que a pressão na flauta de injeção caia. Ao nitrar, até a pressão do turbo sobe, atingindo o pico de 2,1 kg! Isso ocorre pois ao injetar o óxido, o motor admite mais e também tem mais escape, fazendo a turbina girar mais, consequentemente aumentando a pressão do sistema. O chip da injeção foi remapeado pela NPC Performance , antes mesmo de ser feita essa preparação e suportou bem as novidades. Apesar de tantas mudanças, o corte eletrônico da injeção continua original, nas 6.800 rpm. As próximas alterações estão em elevar esse limite para cerca de 7.500 rpm (até onde chega a injeção original) e preparar o cabeçote.

Com um motor tão mais forte e vontade de medir velocidade máxima, o câmbio foi alongado com a troca de coroa e pinhão. Além disso, as engrenagens de quarta e de quinta marcha também são mais longas. Nos primeiros testes o Gol passou dos    240 km/h de máxima. A embreagem, claro, é de cerâmica (quatro pastilhas) e o platô tem mais carga, ambos da Ancona.

Tanto rendimento exigiu mudanças na suspensão e freios. As molas importadas da Elibach e os amortecedores TAG dão conta do recado. Rodas Mille Miglia HT3 aro 17 com pneus Yokohama A539 completam o kit para uma boa estabilidade – na tentativa de quebra do recorde, as rodas e pneus serão aro 15. Os freios tiveram uma troca simples: pinças e discos dianteiros são agora do Santana, de maior de diâmetro e que permitem o uso de pastilhas maiores. As pastilhas escolhidas tem composto mais macio.

Como o cara é maluco por carro, o visual também precisava de um trato. Algumas mudanças eram até necessárias, caso do novo pára-choque dianteiro feito pela Star Paint, com uma boca maior para o intercooler sarado tomar vento na cara. Já espelhos retrovisores estilo M3, eliminação de logotipos da grade e da tampa traseira, lanternas traseiras e máscaras dos faróis escurecidas foram mudanças que Tiago quis fazer à toa. Deixa o cara né, ele está com o 1.0 mais forte do planeta!

E se ele ficar se achando por causa disso, que se enfie no interior da bagaça que também está tunado: bancos concha MOMO (italianos mesmo), instrumentos Autometer, painel com fundo prateado feito pela Velobakar e apliques de fibra de carbono da Flash Wheels espalhados pela cabine. Aliás, ele já está se achando. Imagine então se ele bate o recorde de velocidade dos carros 1.0. Isso você saberá na próxima FULLPOWER! Até lá…

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