Revista Auto Esport – Ed. 462

Quem olha para a Saveiro GIII 2.0 de Ransei Igarasghi pela primeira vez nem sequer desconfia que o carro é um modelo experimental.Trata-se de um protótipo superequipado da versão Plus Sportline que estava sendo testado pela Volkswagen há cerca de três anos.

Mas, por causa de seu alto custo final – em torno de R$ 40 mil -, acabou ficando inviável colocar o modelo no mercado e apenas algumas unidades foram montadas. Também pudera, a quantidade de equipamentos caros que esta picape carrega justifica, em parte, a decisão da montadora de suspender sua produção. É difícil de acreditar, mas esta Saveiro já saiu da linha de montagem com controles de tração e estabilidade EBD e freios com sistemas ABS (antitravamento) do Audi A3. Terminados todos os testes, a picape acabou sendo adquirida por um funcionário da Volkswagen e não demorou muito para trocar de mãos. Ransei a comprou em 2001 por R$ 25 mil e, a partir daí, não parou mais de equipar o carro. Ex-piloto de testes da Fiat e trabalhando atualmente como bancário, Ransei afirma ter gastado quase o valor pago pelo utilitário em preparação, mecânica e sonorização. Isso sem falar que a picape foi levada por ladrões em meados de agosto do ano passado. “Quando dei queixa do roubo na delegacia, o delegado disse que eu nunca mais ia ver o carro de novo. Encontraram a picape no dia seguinte só com o motor e o câmbio”, lembra o bancário, de 25 anos.

Para reequipar a Saveiro, Ransei levou apenas dois meses. De lá para cá a picape teve o chip da central de comando eletrônico reprogramado, foi convertida para o álcool e ganhou um kit nitro (óxido nitroso). Com todas estas modificações a potência saltou de 121 cavalos originais para 210 cv. Não contente, o ex-piloto de testes decidiu instalar um turbo no início deste ano. O projeto, especialmente desenvolvido para a Saveiro, ficou a cargo da oficina de preparação Nascar Power Chips, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e consiste, entre outros itens, de uma turbina pulsativa e bielas e pistões forjados. Toda essa parafernália proporciona uma potência cavalar de 320 cv e faz com que o carro saia da inércia e atinja a velocidade de 100 km/h em 5,5 segundos. Mais rápido que uma BMW Z4. Para aguentar isso, toda a suspensão da picape foi retrabalhada e recebeu molas e amortecedores da Parati GTI 16V. As relações de marchas tiveram de ser redimensionadas para que o carro chegue à velocidade final de 225 km/h. Rodando na picape, percebe-se que a preparação feita pela Volkswagen faz a diferença. Apesar do tranco do primeiro estágio, o controle de tração segura o carro, evitando que ele escape do controle do motorista.

Apesar de discreta, a picape segue a tendência tuning, com capô pintado na cor preto fosco e iluminação neon azulada sob a carroceria. O visual interno também é discreto, com iluminação composta por pequenos leds também na cor azul. A instrumentação é feita com um conta-giros, um manômetro e um vacômetro, todos da linha Cobalt da Autometer. A parte de entretenimento conta com um reprodutor de DVD Sound Storm e um de cd’s Pioneer Premier. E, para quem pensa que Ransei se deu por satisfeito, aí vai um recado dele: ”Só estou começando”.