Todo-Poderoso Chip Simples e baratos, os chips de potência são a porta de entrada para o mundo das preparações por Léo Nishihata

Com um notebook ligado ao carro e um dinamômetro de rolo,
os ajustes da injeção podem ser emulados em tempo real

A idéia é tentadora: o dono de um Gol 1.0 16v Turbo gasta apenas 350 reais para que a central eletrônica de seu carro seja modificada. Em poucas horas de trabalho, a potência cresce 15%. Tanta praticidade faz a troca de chips ser o item nº 1 das receitas de veneno. O procedimento é simples, mas exige cuidados específicos. Para demonstrá-los, fomos até a oficina especializadA NPC Performance, em São Bernardo do Campo (SP). Vale lembrar aos fuçadores iniciantes que, como em outros tipos de preparação, uma troca de chip invalida a garantia de fábrica do possante.

Preparo Instantâneo

Para mexer na eletrônica de um motor já modificado (com turbo, comando bravo etc.), a oficina ideal deve possuir um emulador em tempo real. A emulação (ou simulação) é feita conectando-se a central eletrônica a um notebook, que assumirá o papel do chip (ou da própria central, no caso de sistemas micro-híbridos). Com o software adequado e um dinamômetro de rolo, o técnico pode alterar os parâmetros da injeção e conferir os seus efeitos na roda em tempo real. Depois de extrair o ajuste desejado, basta salvar os dados em um chip virgem e soldá-lo na placa. A tecnologia não é uma maravilha?

Passo Importante

Gastando 350 reais dá para ganhar 34 cavalos, mas com 650 reais a potência de um Gol 1.0 16v Turbo pode bater nos 163 cavalos, extraídos da conversão de gasolina para álcool, um retrabalho nos bicos injetores. Desse ponto em diante, a preparação fica mais séria, e o limite fica aonde seu bolso acaba.

Coisa de Híbrido

As centrais micro-híbridas (que equipam Astra, Corsa, Celta, Meriva, Zafira, Palio e Marea, entre outros) concentram todos os sistemas em um módulo integrado, sem chip destacável. Isso impossibilita a pura troca de chips, já que o técnico precisa modificar o módulo como um todo. As centrais híbridas também podem ser remapeadas em tempo real: basta conectar a centralina a um notebook e, junto desse, um aparelho Kess, específico para alterar o software integrado da central.

Dicas Rápidas

- Cada carro é um modelo diferente. Desconfie de soluções genéricas ou milagrosas.
- Ouça as sugestões do técnico. Somente ele pode definir a melhor configuração para seu motor.
- Manutenção preventiva é essencial na preparação antes de mexer no motor, limpe os bicos injetores, verifique as velas e troque o óleo.

1 - De prima, é preciso conectar um aparelho de diagnose (scanner) que analisa a eletrônica do carro à procura de falhas. O dono tem de explicar se a manutenção preventiva está em ordem. Caso haja algum problema, ele é resolvido antes de qualquer modificação.

2 - No caso deste Gol 1.0 16v Turbo, a NPC Performance aconselhou trocar o jogo de velas (180 reais). "Se elas estiverem em mau estado, podem não suportar os novos parâmetros da injeção, explica o técnico Marcos Eli dos Santos".	3 - Boa parte dos carros possui a central eletrônica instalada no lado direito inferior do painel. O módulo é retirado, desparafusado e aberto.

4 - Um soprador térmico aquece o chip principal para destacá-lo da placa. A mecânica do Gol que utilizamos nesta reportagem era original. Nesses casos, os parâmetros da injeção eletrônica são conhecidos. Em carros preparados, as centrais remapeadas anteriormente precisam ser analisadas via computador, que armazena e disponibiliza essa leitura.	5 - O chip original é alojado em uma caixinha e devolvido ao proprietário. "Se o dono quiser desfazer a nossa mudança, é só trazer o carro e chip até a oficina, sem custos" garante Marcos.

6 - Agora é a vez de ligar o computador e definir o novo mapeamento. O software ECM, da marca italiana AlienTech, oferece um banco de dados com informações de boa parte dos carros existentes, e que pode ser atualizado sempre. O técnico utiliza uma interface gráfica para alterar cinco parâmetros: pressão do turbo, tempo de injeção, avanço da ignição, limite de giros e leitura da sonda lambda.	7 - As linhas verdes são as curvas originais do Gol 1.0 Turbo, enquanto o remapeamento está marcado em vermelho. Os gráficos também podem ser vistos em 3D. Quando a mecânica é original, as modificações tendem a ser padronizadas. Já em motores preparados, o ajuste é individual. Um bom técnico precisa conhecer quais parâmetros não podem ser modificados.

8 - O arquivo do software AlienTech é salvo em um chip virgem pelo gravador de eprom. Depois, a nova peça será soldada à placa da central eletrônica. Cuidado extremo: qualquer erro de solda pode inutilizar toda a central (um prejuízo de 4.000 reais). Tudo pronto, o módulo é lacrado para que não haja dúvidas quanto a quem fez a última modificação.

9 - O módulo da central é conectado. Ao girar as chaves, ele faz seu check-list e liga o motor. "Com chips não existe meio-termo, se ligou, é porque está tudo OK. Se tiver falhas, o carro simplesmente não funciona", explicam os técnicos da NPC Performance. O dono do carro pode conferir o ganho de potência no dinamômetro de rolo. Com o novo chip e mais um filtro de ar esportivo, este Gol passou de 112 para 146 cavalos. Vale lembrar: aqui não houve conversão para o álcool.

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