Nas competições off-road, não raro ouvimos alguém falar sobre carros “chipados”, termo – que é um anglicismo oriundo da palavra inglesa chip – que quer dizer “um”, pedaço minúsculo de silício com conexões eletrônicas utilizado em computadores e máquinas em geral.
Um carro “chipado” está equipado com um minicomputador de bordo capaz de melhorar consideravelmente o desempenho do motor, tanto quanto torná-lo mais econômico em alguns casos.
Dentre os vários modelos do mercado, o unichip foi testado na minha TR4 R durante duas temporadas de competição (9/10), claro que em provas onde o uso era permitido (Velopiocerá e RN 1500). Além das qualidades do carro, da equipe e dos demais ajustes, impressionou-me positivamente a melhora no desempenho e a supereconomia de combustível.
O unichip é uma invenção do engenheiro sul-africano Pieter de Weerdt, da Dastek, lançado em 1992 e agora difundido no mundo todo. O minicomputador programável, permite aos mecânicos e preparadores especializados a possibilidade de regular os motores sem abrir ou modificar a central eletrônica do veículo.
Seus criadores preferem dizer que não se trata de um chip, mas de uma “ferramenta” capaz de propiciar ajustes e regulagens em vários estágios de funcionamento do motor.
Os sinais enviados ao computador são interceptados e modificados no chip pelo programador, provocando reações controladas e, com isso, proporcionando a cada motor um ajuste “fino” com o máximo de aproveitamento.
Com o unichip, pode-se modificar a quantidade de combustível injetada, o ponto de ignição, a pressão da turbina (quando há controle eletrônico), os comandos variáveis (VVT-I, V-Tec) e as demais funções eletrônicas dos motores.
O ganho de potência é substancial e absolutamente controlável e isto pode ser traduzido nas diversas situações de prova, tais como, retas longas, loteamentos, curvas, “areião”, dunas, etc. O carro pode ser programado nas diversas faixas de RPM (rotações por minuto) para um melhor desempenho em retomadas ou velocidade final.
Quase todo carro, seja ele a diesel, álcool ou gasolina, sofre nas retomadas em baixa rotação, situação que encontramos num “cotovelo”, espécie de “U”, quando o navegador canta a referência e o carro precisa frear o mais tarde possível e arrancar com boa aceleração o mais cedo possível.
Carros a diesel sofrem na retomada em baixa rotação, principalmente se a turbina não for de geometria variável, permitindo a variação de vazão de acordo com o ponto de operação do motor. Nos motores eletrônicos é possível controlar a pressão da alimentação para que esteja disponível em baixas rotações, permitindo excelente desempenho na retomada pós-curvas.
Calibragem
Os carros movidos à gasolina e à álcool também recebem um incremento de potência e torque, pois o computador permite uma calibragem especial para cada tipo de combustível. Na competição, o uso da gasolina com maior octonagem propicia um excelente rendimento com as regulagens do chip.
O equipamento fica no interior do veículo e pode ser instalado de forma simples, podendo ser removido ou transferido para outro veículo, seja carro, camionete, moto, quadriciclo, caminhão, seja movido à gasolina, diesel, GNV ou álcool.
O controle personalizado permite, ainda, cinco posições, sendo uma neutra, capaz de deixar o motor na posição original, outra padrão para o carro de passeio – esta com substancial economia de combustível –, e as três restantes graduadas segundo o gosto ou determinação do motorista ou piloto.
Alguns carros 4x4, que apresentam demasiado consumo de combustível, podem se tornar econômicos e compensadores com a utilização do minicomputador programável de dimensões diminutas e fácil instalação.
O sul-africano Pieter de Weerdt difundiu sua invenção para o mundo e tem ajudado trilheiros, competidores e motoristas a terem acesso aos controles eletrônicos de performance de seus veículos, além de economia que afeta diretamente o bolso dos que dependem de orçamento enxuto ou eventual patrocínio.