"Veneno Eletrônico" - Jornal
Oficina Brasil - Junho/2000
Os possantes do novo século
Jornal Oficina Brasil
Veja como a reprogramação ou substituição
de chips na UCE de carros com injeção
eletrônica vem substituindo o antigo sistema
de ganho de potência no motor.
por Cléa Martins
Os possantes do novo século
A reprogramação ou substituição
de chips na UCE de carros com injeção
eletrônica, embora ainda exista muita controvérsia,
vem substituindo o antigo sistema de ganho de potência
no motor por meio de componentes químicos ou
alterações mecânicas, como uma opção
aos proprietários de veículos interessados
em mais desempenho.
Na oficina do século 21 os
profissionais precisam estar atentos as novas tecnologias.
A informática, por exemplo, está presente
em todos os lugares. Os profissionais que souberem
aproveitar as oportunidades estarão a frente
do processo no qual a mecânica e a eletrônica
se fundem definitivamente.
Exemplo disto são os antigos carburadores
trocados pelos modernos sistemas de injeção
eletrônica e seu módulo de comando
central.
Hoje, na maioria das vezes, tornou-se impossível
a alteração do torque/potência de
um carro novo sem que haja uma reprogramação
no software que contém os parâmetros de injeção
ou ignição.
O chip
Dentro do módulo central existe um chip (PROM
- Programable Read Only Memory/Memória Programável
somente para leitura), que é o responsável
pelas programações básicas de funcionamento
do veículo. São estas informações,
associadas às outras colhidas pelos vários
sensores do veículo, como temperatura ambiente,
temperatura da água do radiador, velocidade e
rotação, é que irão definir
as condições de funcionamento do motor,
comandando a liberação dos sinais que
vão gerar a mistura ar/ combustível adequada
a ser injetada na câmara de combustão e
o ponto correto de ignição para o desempenho
solicitado em cada caso.
A programação original de fábrica
varia de acordo com as condições ambientais
do lugar, dependendo ainda do tipo de combustível,
temperatura e altitude, além de equacionar a
premissa de menor consumo, maior durabilidade e menor
emissão de poluentes, entre outros. Assim, este
chip nem sempre esta programado para que o veículo
consiga alcançar todo seu potencial de rendimento
daquele motor. Em função disto, também
é necessário que o profissional fique
atento aos chips importados, que frequentemente não
possuem uma programação adequada para
o Brasil e todas as suas variações.
A alteração
Segundo especialistas, para que seja realizada uma
substituição ou reprogramação
é necessário um equipamento composto por
um programa especial para leitura e gravação
do chip (software) e um microcomputador; o custo do
equipamento a partir de R$ 10.000,00 a R$ 60.000,00
. O processo de reprogramação é
simples. O chip precisa ser retirado para que possa
ser lido e gravado, e logo em seguida todos os comandos
são passados para o modo gráfico, ou seja,
todas as informações originais são
mapeadas ( em duas ou três dimensões, dependendo
do programa utilizado -o mais comum é o Digiview),
o que permite ao profissional fazer todas as alterações
necessárias. "Acertando as curvas de avanço
e TI (tempo de injeção), o carro ganha
alguns cavalos a mais de potência", afirma
o mecânico Fábio Reolon,
com oficina localizada no ABC paulista.
Nos motores, os valores de pressão sofrem ajustes
e o ganho de torque obtido pela reprogramação
gira em torno de 35% nos turbocomprimidos, 10% nos aspirados
e 40% nos turbodiesel. A reprogramação
pode ser efetuada na grande maioria dos veículos
com injeção eletrônica, com exceção,
entre outros, do novo Astra e Fiat Fire, porque seu
chip está integrado a centralina (módulo),
o que impede sua retirada.
O custo para o cliente pode variar muito, dependendo
da oficina, do carro e do tipo de chip, podendo ficar
entre R$ 300 e R$ 2.500. As pessoas que mais procuram
este tipo de serviço são os proprietários
de carros com motores 1.0 que estão insatisfeitos
com o desempenho de seu veículo e os donos de
carros blindados, que por terem aumentado o peso do
veículo perderam potência/torque.
Vantagens e prejuízos
O surpreendente e talvez mais vantajoso da reprogramação
é que este é um processo reversível,
o chip têm um total de quatro memórias
que podem ficar gravadas e serem alteradas em qualquer
momento, é como ter diferentes carros, um para
cada situação. Se o trabalho for bem feito,
não causará problemas, riem de emissão
de poluentes, nem no aumento do consumo de combustível.
Pelo contrário, "em alguns casos ele até
melhorou, os carros ficaram mais econômicos",
afirma Reolon, o mecânico do ABC.
O proprietário de um Vectra CD (GM), Adriano
Moreno, que optou pela reprogramação porque
queria aumentar o desempenho em baixa aceleração
e também nas retomadas, afirma ter ficado satisfeito.
"O carro ficou mais ágil, tanto na saída
e na retomada, quanto na velocidade final", garantiu
Adriano, que atesta, não ter notado alteração
no consumo.
As desvantagens, por sua vez, ficam por conta de uma
programação mal feita. "Uma programação
errônea pode trazer prejuízos a longo e
médio prazo para o motor, como alto consumo de
combustível e diferenças de desempenho
com batidas de pino", alerta o profissional da
reparação automotiva e preparação
de motores Vinícius Losacco.
Por isso é necessário que o profissional
participe de cursos e treinamentos específicos
para atualizar-se antes de se aventurar pelo complexo
mundo da informática.
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