|
"Cavalaria Pesada " - Revista FullPower
- Ed. 15 - Julho/2003
Conheça o 1.0 mais forte do planeta!
|
Cavalaria
pesada
São 328 cv de potência e 44
kgfm de torque
num motor com pistões, bielas, cabeçote e virabrequim
originais. Quase três vezes a potência original
(112 cv) e do torque também (15,8 kgfm). |
Na
redação da FULLPOWER, todos são loucos por
carros (como você e praticamente todos os brasileiros). Porém
o mais "nóia" é o Tiago Jorge, um verdadeiro
apaixonado mesmo. E ele não gosta de veículos originais,
caretas - seu negócio é invenção, motor
forte etc.. Duvida? Desde que ele comprou seu Gol 1.0 16V Turbo,
zero km, já preparou o chip na Funari. Depois, fez um novo
escape e passou a utilizar filtro esportivo. Aos 35.000 km foi à NPC Performance e fuçou mais ainda. E agora, depois de modificações
mais sérias, chegou aos 328 cavalos de potência e 44
kgfm de torque?! Isto mesmo, o motor "milzinho" com miolo
original (pistões, bielas, cabeçote e virabrequim)
rendeu no dinamômetro Dynojet mais potência que um Porsche
Carrera (seis cilindros 3.6 24V), com seus 320 cv e mais torque
que uma Ferrari 360 Modena (V8 3.5 40V) com 37,3 kgfm.
O
mais importante nesta preparação, segundo Jorge, era
desenvolver um motor potente sem mexer em seu miolo (para manter
a cilindrada e ficar um veneno de fácil aplicação).
Foi quase isso. Apenas os comandos de válvulas foram alterados:
o de admissão teve o sistema variável (VVT) eliminado
e o de escape original foi substituído por outro feito especialmente
para o carro, da JPF-Indeco. Essa alteração foi feita
para o motor render mais em alta rotação - a fábrica
instala o sistema VVT nos Gol Turbo originais priorizando o torque
em baixa. No caso de Tiago, como a intenção é
quebrar o recorde brasileiro de velocidade em quilômetro lançado
para motores 1,0 litro (que prevalece desde a década de 60,
com 213 km/h de média, do "Carcará"), o
intuito é conseguir potência com giro alto mesmo.
Os equipamentos bolt-on,
que são colocados fora do motor, são nervosos. Caso
da turbina atual, bem maior que a original: trata-se de uma .38
(carcaça quente) e .42 (carcaça fria), trabalhando
com 1.8 kg de pressão - o modelo vem de fábrica com
uma .33/.33, com 1.4 kg. Com o aumento de tamanho do caracol e mudança
no escape (o coletor agora é de cano, do Binho Escapes, que
também fez o escape de 2,0 polegadas), foi preciso diminuir
o radiador para que tudo coubesse no cofre. Essa mudança
no sistema de refrigeração deixou o motor com 0,5
litro de água/aditivo a menos.
A pressurização
agora em alumínio, troca calor melhor do que a de ferro
original e tem maior diâmetro (2 polegadas). Um intercooler
feito sob medida pela Belquip foi instalado atrás da
grade do pára-choque dianteiro, substituindo o original,
bem menor, que ficava atrás da grade do capô. O
filtro de ar de fábrica também saiu de cena para
receber um esportivo cônico, da Redline. Para completar
o veneno, Wanderley Raineri, da H.W. Part's, instalou um kit
nitro com apenas um fogger calibrado para 50 cv. "Como
a turbina é grande, colocamos o nitro para reduzir ao
máximo o 'lag' (a demora na pegada da turbina)",
comenta o preparador. No Dynojet, uma surpresa: apesar do fogger
para 50 cv, ao injetar o óxido nitroso, vieram quase
100 cv a mais (230 cv sem nitro, 328 cv nitrando e torque de
30 kgfm sem gás e 44 kgfm no gás!!!).
Se você pensa que esse aumento
de potência e torque deixa o carro ruim de rodar e gastão,
engana-se. Tiago roda todo dia (o dia todo) com a bagaça
e confessa: "O carro está liso e fazendo 7 km/litro
com álcool, na cidade. Lindo!" A marcha lenta fica
nos 900 giros, com toda a tranqüilidade de um motor original.
Dá até raiva! Duas bombas de combustível
de Gol GTI trabalham em duas linhas independentes, mandando
o álcool para a flauta de injeção (especialmente
fabricada para o carro), onde vão fixados os bicos. Nas
duas extremidades estão as entradas do combustível
e no centro há um retorno. Os bicos são de fábrica,
porém arrombados para maior passagem de líquido.
Não há bicos adicionais!!!
Bancos concha da MOMO, revestidos de veludo, acompanham
o
cinza do couro nos bancos traseiros, onde fica o cilindro
do Nitro.
A bomba original é
utilizada para mandar combustível quando o nitro
entra em ação, evitando assim que a pressão
na flauta de injeção caia. Ao nitrar, até
a pressão do turbo sobe, atingindo o pico de 2,1
kg! Isso ocorre pois ao injetar o óxido, o motor
admite mais e também tem mais escape, fazendo a turbina
girar mais, conseqüentemente aumentando a pressão
do sistema. O chip da injeção foi remapeado
pela NPC Performance , antes mesmo de ser feita essa preparação
e suportou bem as novidades. Apesar de tantas mudanças,
o corte eletrônico da injeção continua
original, nas 6.800 rpm. As próximas alterações
estão em elevar esse limite para cerca de 7.500 rpm
(até onde chega a injeção original)
e preparar o cabeçote.
Altura reduzida com molas Eibach. O novo pára-choque dianteiro deixa o vento de frente com o intercooler. |
Polia de admissão agora é fixa. |
Três bombas de combustível: duas externas e uma
dentro do tanque. |
Com um motor tão mais forte e vontade
de medir velocidade máxima, o câmbio foi alongado
com a troca de coroa e pinhão. Além disso, as
engrenagens de quarta e de quinta marcha também são
mais longas. Nos primeiros testes o Gol passou dos
240 km/h de máxima. A embreagem, claro, é de cerâmica
(quatro pastilhas) e o platô tem mais carga, ambos da
Ancona.
Tanto rendimento exigiu mudanças
na suspensão e freios. As molas importadas da Elibach e os amortecedores TAG
dão conta do recado. Rodas Mille Miglia HT3 aro 17
com pneus Yokohama A539 completam o kit para uma boa estabilidade
- na tentativa de quebra do recorde, as rodas e pneus serão
aro 15. Os freios tiveram uma troca simples: pinças
e discos dianteiros são agora do Santana, de maior
de diâmetro e que permitem o uso de pastilhas maiores.
As pastilhas escolhidas tem composto mais macio.
Como
o cara é maluco por carro, o visual também precisava
de um trato. Algumas mudanças eram até necessárias,
caso do novo pára-choque dianteiro feito pela Star Paint,
com uma boca maior para o intercooler sarado tomar vento na
cara. Já espelhos retrovisores estilo M3, eliminação
de logotipos da grade e da tampa traseira, lanternas traseiras
e máscaras dos faróis escurecidas foram mudanças
que Tiago quis fazer à toa. Deixa o cara né, ele
está com o 1.0 mais forte do planeta!
Espelhos M3 imitam fibra de carbono, assim como a soleira
MOMO.
O pequeno spoiler é original.
E
se ele ficar se achando por causa disso, que se enfie no interior
da bagaça que também está tunado: bancos
concha MOMO (italianos mesmo), instrumentos Autometer, painel
com fundo prateado feito pela Velobakar e apliques de fibra
de carbono da Flash Wheels espalhados pela cabine. Aliás,
ele já está se achando. Imagine então se
ele bate o recorde de velocidade dos carros 1.0. Isso você
saberá na próxima FULLPOWER! Até lá...
Teste realizado em dinamômetro Dynojet
E
aí Tiagão, feliz?
Muito! Motor 1.0 litrinho com 330 cv! Fora os 44
kgfm de torque?! Ficou um canhão.
E a durabilidade? E o comportamento?
Ótimos. Rodo todo o dia com o carro, que
já tem 50.000 km e se mantém perfeito. Anda
liso, com consumo bom para um carro preparado.
Vai ficar mais forte ainda?
Com certeza, isso é apenas o começo. Imagine
esse motor forjado, com mais pressão e nitro em
cima?! Animal!!! |
Voltar para o índice das publicações
|
|