A história dos modelos da foto acima é mais longa que a da maioria de nossos leitores: começou em 1959, na Inglaterra. Em função da crise de petróleo que o país vivia na época, Leonard Lord, presidente da British Motor Corporation (BMC), solicitou o desenvolvimento de um veículo compacto e econômico. Surgiu, assim, o automóvel com dimensões reduzidas chamado Mini, que posteriormente se tornou um ícone de desempenho, dirigibilidade e, principalmente, agilidade. O compacto chegou a ganhar o Rally de Monte Carlo entre 1964 e 1967!
A marca de origem britânica foi adquirida pela BMW em 1994 e passou por uma revolução completa em 2000. Nesse ano, a produção do Cooper foi finalizada, enquanto sua nova versão, maior e mais potente, porém com o design parecido com o original, passou a ser vendida pela marca chamada Mini. Desde então os Mini Cooper reforçaram, ao redor do mundo, a fama de esportivos, confiáveis e práticos para serem utilizados no dia-a-dia. E não foi diferente aqui no Brasil, onde acumulam uma quantidade cada vez maior de fãs.
Dos modelos desta reportagem, um é original e utiliza o kit de performance John Cooper Works, disponibilizado pela própria Mini. Os três exemplares restantes são da versão S e especiais por conta das suas peculiaridades. Além de utilizarem motor 1.6 16V Turbo, que gera 185 cv e 26,5 kgfm de torque (rendimento suficiente para acelerar aos 100 km/h em 7s3 e levá-lo à máxima de 220 km/h, segundo a marca), cada um foi customizado individualmente para se adequar melhor ao gosto e necessidade de seus respectivos proprietários. E, logicamente, todos receberam melhorias no propulsor!
Segundo Fábio Reolon, da NPC Performance, responsável por realizar as alterações nos três carros, os Mini Cooper S têm uma boa plataforma para modificação. "Esses carros são fortes e aguentam grandes esforços", diz.
Embora os modificados tenham características distintas e peças diferentes entre si, todos receberam intercooler frontal, chip do motor com nova programação e filtro de ar esportivo, um investimento que custou R$ 4 mil.
É KART?
O impacto visual que o Mini Cooper S causa é proporcional ao seu desempenho. O compacto acelera com força surpreendente para um original e se comporta como um kart nas curvas. E na versão John Cooper Works (ao centro na foto acima, com teto vermelho), por nós avaliada, a diversão é ainda maior! Em relação à configuração S, o JCW utiliza um novo kit aerodinâmico aprimorado, pinças de quatro pistões e discos ventilados de 316 mm de diâmetro na dianteira (294 mm no Cooper S) e discos de 280 mm na traseira (259 mm na versão esportiva "simples"), além de suspensão 10 mm mais baixa e com maior carga nos amortecedores.
O motor também recebe upgrade na própria fábrica. Entram na lista de modificações novo sistema de escape com melhor vazão, filtro de ar com menor restrição, pico de pressão da turbina elevado de 0,9 bar para 1,3 bar, entre outros. As melhorias fazem o rendimento saltar dos 185 cv e 26,5 kgfm de torque para 211 cv e 28,5 kgfm. Mas isso é o que a Mini diz. Para tirarmos a prova, amarramos o JCW no dinamômetro e o modelo despejou surpreendentes 241,9 cv e 33,9 kgfm de torque!
Na hora de dirigir, a versão JCW oferece uma característica que o torna particularmente especial para aqueles que gostam de extrair o máximo do motor: câmbio manual. Seus engates são rápidos, precisos e agradam aqueles que apreciam a conexão com o veículo. Mas o acionamento da embreagem é pesado, enquanto o engate da marcha ré é próximo da primeira marcha e no mesmo plano, podendo causar um engate errôneo -- e aconteceu com este que vos escreve.
O Mini Cooper S conversível (à direita na foto do alto) tem uma história diferente e rara: ele foi um presente de Marcel Gallo para sua esposa, Thaís Andric. Um caso de amor e adrenalina! Durante a sessão de fotos desta reportagem, perguntei para Thaís o que a levou a optar por um Mini Cooper. "Gosto do Mini porque ele é compacto e fácil de ser usado todo dia", respondeu. "E por que não escolheu um Smart ForTwo?", provoquei. "Porque o Smart é muito lento", rebateu na hora a condutora do modelo. Já deu para perceber que Thaís deve deixar muitos marmanjos comendo poeira nas saídas de sinal, não é?
Mas, para tornar o desempenho do conversível mais empolgante, o casal o estacionou na NPC Performance Chips, onde recebeu kit de filtro de ar esportivo, intercooler, sistema de escape de maior vazão e chip de gerenciamento do motor. Após as modificações, o motor 1.6 Turbo passou dos 185 cv e 26,5 kgfm de torque originais para ótimos 216 cv e 36,1 kgfm de torque! Agora, Thaís desfruta de maior desempenho do modelo e ainda conta com a comodidade do câmbio automático para enfrentar trânsito pesado.
ENVELOPE
Além das melhorias mecânicas, o Cooper S recebeu pequenos detalhes estéticos que agradam a Gallo. Entre eles estão a iluminação interna, que recebeu LED no lugar das luzes comuns, assentos da versão esportiva JCW e envelopamento que imita fibra de carbono no scoop do capô. Embora o sistema de escape seja modificado, o proprietário optou por manter as ponteiras da saída originais. Thaís também decidiu dar uma mão na customização e, com um toque feminino, acomodou nos assentos traseiros dois animais de pelúcia.
Outro detalhe que ajuda a tornar este Mini distinto é o fato de ser conversível. Além de oferecer bons momentos de lazer em um passeio à praia ou na estrada, esta configuração permite com que os passageiros escutem o ronco encorpado emitido pelo sistema de escape sem quaisquer restrições! As rodas são originas, de aro 17", e calçam pneus na medida 205/40.
O Mini Cooper de Danilo Andric (à esquerda na foto do alto), piloto profissional da SuperBike Series (e irmão de Thais, cunhado de Gallo) é o mais “canhão” desta seleção. Acostumado a conduzir máquinas extremamente rápidas (entre seus veículos está um Ford Mustang com 900 cv), Andric conta com alterações mais profundas em seu Cooper S. Além do kit de chip, filtro de ar e intercooler da NPC Performance, Andric encomendou sistema de escape completo em aço inoxidável da Batistinha Garage, com 2,5" de diâmetro. No coletor de escape tubular, o piloto utilizou manta térmica e até um defletor de calor, para diminuir a temperatura do cofre.
Um detalhe particularmente interessante do Cooper S de Andric é o seu sistema de admissão: o proprietário cortou a caixa de filtro de ar original para encaixar um filtro cônico. Assim, o scoop do motor direciona o ar captado para o filtro de ar, melhorando o rendimento em velocidades mais altas. E, para evitar que o capô fique quente e esquente o ar de admissão, o proprietário também utilizou manta térmica na peça.
O resultado de tantos detalhes surgiu no dinamômetro: 259 cv e nada menos que 41,6 kgfm de força máxima! E lembre-se que estamos tratando de um motor 1.6 com o "miolo" original! Na hora de trafegar com o Cooper Azul, o "berro" do sistema de escape empolga, enquanto as acelerações fortes fazem o corpo grudar no banco. E o câmbio automático funciona com agilidade!
Apesar da boa dirigibilidade, Andric faz uma observação em relação aos pneus. "Esses runflat originais poderiam ser mais aderentes. O carro muda bem de direção, mas os pneus são muito duros", diz. O proprietário também cuidou do visual do Cooper com nova ponteira de escape, além das rodas e saias laterais serem pintadas de preto. E os aprimoramentos ainda não acabaram, afirma Andric. "Já encomendei o bodykit Works para ele", explica. Assim, a nova roupagem do esportivo dará mais indícios de seu real rendimento! (por Márcio Murta)