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Menor pode ser Melhor - Revista FullPower - 2011.
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Técnica Downsizing
Motores da linha downsizing
são o futuro.
Conheça esta nova tecnologia e seus benefícios para preparação!
Márcio Murta
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O mundo está ficando chato e exageradamente "politicamente correto". Fumar em locais fechados é proibido, "zoar" com o colega é "bullying", e os alimentos mais gostosos e gordurosos agora são condenados. Mas, felizmente, nem tudo está mudando para pior e menos divertido.
Quem acompanha o setor automotivo sabe que a poluição gerada pelos veículos e também a quantidade limitada de combustível derivado do petróleo vem guiando o desenvolvimento dos motores nos últimos anos. E as tecnologias desenvolvidas em função desta realidade tornam os autos mais eifcientes e econômicos
E, além do investimento em propulsores alternativos (como hidrogênio) e híbridos (que mesclam o uso de motor à combustão e elétrico), atualmente as marcas desenvolvem motores da linha downsizing.
De acordo com Luis Carlos Bouças, engenheiro da Audi, o downsizing é a criação de um motor pequeno e sobrealimentado que oferece o mesmo rendimento de um propulsor de deslocamento maior. "A vantagem dessa técnica está principalmente na diminuição da emissão de poluentes e redução do consumo de combustível do veículo", informa Bouças. Paulo Garbossa, consultor da ADK Automotive, vai além na explicação e informa que este tipo de propulsor também oferece vantagens secundárias. "Essa tecnologia tem como benefícios a facilidade de manuseio, além de menor peso e custo de manutenção se comparado a motores maiores" completa Garbossa.
A Eficiência deste tipo de motor pode ser observada no 2.0 TSI (turbo com injeção direta de combustível) que a Volkswagen utiliza no Tiguan, com 200cv e 28,5 kgfm de torque. Para medidas de comparação, o Dodge Jorney, rival do crossover da VW no Brasil, utiliza um 2.7 v6 que produz 185 cv e 25,5 kgfm.
Outro exemplo de propulsor que segue a linha downsizing em nossas ruas é o 1.4 T-Jet da Fiat, oferecido nos modelos Punto, Bravi e Línea. Munido de turbo, intercooler e cabeçote multiválvulas, ele é capaz de produzir 152 cv e 21,1 kgfm de torque (gasolina). Para medidas de comparação, o 2.0 do VW Golf fera 120 cv e 18,4 kgfm (etanol), enquanto o 2.0 16v do Toyota Corolla disponibiliza 153cv e 20,7 kgfm
Nessa equação, a montadora diminui as emissões de poluentes de seus veículos, enquanto o consumidor desfruta de bom desempenho quando necessário e baixo consumo de combustível caso conduza o veículo com a calma de um "domingueiro"
Precisão em Pauta
De acordo com Bouças, da Audi, propulsores como o 2.0 FSI utilizam materiais de alta resistência para suportar os esforços e altas temperaturas, e recebem especial atenção para redução do atrito entre peças internas como pistões, cilindros, bielas e árvore de manivelas. "Esse motor é projetado para rodar pelo menos 100.000 km, mas em média atinge 250.000 km", afirma o engenheiro.
Outros componentes para aumentar a eficiência do motor podem ser encontrados no 1.4 TFSI que equipa o A1. Ele utiliza bomba de óleo com fluxo vaiável (para não disperdiçar energia com lubrificação desnecessária em baixo giro), intercooler refrigerado a água (water cooler) para manter a temperatura do ar admitido sempre próxima do ideal, e a refrigeração do cabeçote independente do bloco, ambos com bomba elétrica. Esse conjunto de arrefecimento inibe a circulação de água no bloco durante a fase fria, o que permite com que a temperatura de trabalho ideal seja atingida mais rapidamente.
O sistema de arrefecimento do 1.4 TFSI ainda oferece um recurso para aumentar a durablidade do turbo: quando o motor é desligado, a bomba de água elétrica inverte seu fluxo e atua por alguns minutos, passando a resfriar primeiro o sobrealimentador e depois o bloco. Os resultados de todos esses avanços tecbológicos surge na "forma" de duráveis 122 cv e nada menos que 20 kgfm de torque a partir de meros 1500 rpm. É força de motor 2.0 em um "mero" 1.4! Ah, a tecnologia...
Segundo Erlon Rodrigues, da Engenharia de Produto da Fiat Power Train, todos os motores passam pelas mesmas exigências para entarem em produção, e se um componente recebe mais esforço que outro semelhante, isto é compensado no material, no design da peça ou nos dois. "No motor 1.4 T-Jet, o virabrequim é feito em aço, os pisões são de liga especial, as bielas fraturados de aço e pino flutuante para trabalhar com o turbo", explica Rodrigues. "Esse motor ainda utiliza um novo bloco com sistema de refrigeração otimizado e maior vazão, proporcionando resfriamento uniforme de todos os cilindros. Esta configuração oferece mais confiabilidade para o funcionamento sob as altas temperaturas geradas pelo turbo", completa.
Upgrade neles!
Engana-se quem pensa que motores pequenos e turbo de fábrica não aguentam cavalaria extra. Exemplo disso está nos modelos da Copa Línea que você conferiu nas páginas da edição nº111 da FULLPOWER. As unidades de competição extraem 215 cv e 26,3 kgfm do motor 1.4 16v turbo com pistões, bielas, bronzinas e virabrequim originais de rua! E a Fiat já anunciou que elevará a potência dos motores de competição para 260 cv, com "miolo" intocado, em 2012!
Nas ruas, a vantagem dos motores que seguem a linha downsizing é a facilidade para aprimorar seu rendimento com segurança e agilidade. Enquanto um propulsor aspirado necessita de grandes investimentos e tempo para receber um turbo - afinal, ele necessitará de um novo coletor de escape, linha de pressurização, alimentação, entre outros, o upgrade em um veículo turbinado de fábrica é menos custoso(logicamente, dependendo do grau de desempenho desejado) e pode ser recebido até via e-mail. Basta plugar o computador na central eletrônica do veículo e ter o software correto para aplicar o novo mapa. Simples assim.
Uma preparação de qualidade ainda pode resultar na diminuição de emissão de poluentes, diz Antônio Marconato, da Esther Turbo. "Tudo depende do ajuste que o preparador fizer. Com a injeção eletrônica, não sofremos mais com 'mistura gorda' em marcha lenta e em baixas rotações. Quando um motor é convertido para álcool, a emissão de poluentes vai praticamente a zero", completa.
Fabio Reolon, da oficina NPC Performance, informa que no caso do motor 2.0 TFSI é possível extrair 240 cv até 380 cv e 48 kgfm de torque com um kit da APR Tunning. Opacote é composto por novo coletor e sistema de escape completo, turbo Garret GT2860R com upgrade na linha de lubrificação, nova bomba de combustível e intercooler, filtro de ar Carbônio, central eletrônica reprogramada, entre outros. Mas, quanto maior a potência, maior o investimento, e nesse caso o preço cobrado pelo upgrade é de R$ 30 mil - um chip de potência para motor aspirado custa a partir de R$ 500, enquanto o novo mapa eletrônico para motor sobrealimentado parte, em média, de R$2 mil.
Bruno Herrera, dono da Herrera Motorsports, confirma que motores da linha downsizing oferecem uma plataforma favorável para upgrades em termo de resistência das peças, mas explica que o aprimoramento dos veículos que utilizam injeção direta de combustível ainda é uma área desconhecida no Brasil. "O que vivenciamos hoje com a chegada da injeção direta é o equivalente ao mesmo salto de tecnologia que enfrentamos da injeção eletrônica analógica para a digital", diz."
Ele explica que embora a injeção direta de combustível seja um fator limitante para obter ganhos expressivos de potência, é possível ganhar rendimento com componentes periféricos nesses tipos de motorore. "Até podemos aprimorar a injeção de combustível de um Audi A3 com os injetores do S3, mas como esse tipo de tecnologia ainda não é extensamente conhecido, preferimos extrair potência com filtro de ar esportivo, intercooler aprimorado, escape com melhor vazão, entre outros", diz Herrera."
Apesar da dificuldade para realizar modificações na injeção direta de combustível, Herrera faz um contraponto. "É apenas uma questão de tempo até que os componentes necessários para modificações mais profundas comecem a aparecer", comenta o preparador, que atua no mercado há mais de 25 anos.
Além de resistentes, os motores da linha downsizing ganharão cada vez mais opções de upgrade. Assim, aqueles que gostam de desempenho continuarão com um sorriso estampado no rosto, enquanto as emissões de poluentes ficarão cada vez menores. Ou seja: a combinação é perfeita!
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