|
"História sem fim" Revista Auto Power -
Ed. 29 - Novembro/2003.
Parati - alterada com seriedade tanto no gosto pessoal quanto no
resultado final
|
História sem fim...
Demorou, mas conseguimos!
por Teco Caliendo
fotos Cristiano Kumagae
|
Finalmente conseguimos realizar uma matéria com o automóvel
que é base do desenvolvimento de todo um programa de performance,
eletrônico e mecânico de uma das maiores empresas que
reprogramam sistemas de injeção do país, a
NPC Performance de São Bernardo do Campo (SP).
Toda a equipe técnica da Auto Power acompanha o desenvolvimento
da bela station desde a sua retirada da concessionária até
o estágio atual. O grande problema foi conseguir uma "janela"
entre uma alteração e outra na Parati. O proprietário
do carro Fábio Alexandre Reolon, que é um dos
sócios da NPC Performance, não consegue parar de "inventar
moda" no carro. Após três sessões de fotos
e duas matérias escritas e canceladas o "Sr." Fábio
ligava e dizia: "Segura mais um pouquinho a matéria
da bicha que eu vou trocar as rodas" ou "A matéria
já tá pronta? Ah não! Dá mais um tempinho
que eu estou colocando os freios novos".
Como paciência tem limite e tempo é dinheiro, a "janela"
veio quando nosso querido preparador casou-se e fez a "besteira"
de deixar a chave do carro com seu sócio, Marcos "Marquinhos"
Eli Santos durante sua viagem de lua de mel. Se dependesse do Fábio,
a Parati nunca estaria pronta até que alguém inventasse
uma forma de cromear o revestimento interno ou o certificado de
propriedade do veículo, tamanha a sua atração
por peças que brilham. Então, mobilizamos toda a equipe
de São Paulo para que assim que o avião decolasse
rumo à viagem de bodas de nosso amigo, nós "seqüestrássemos"
a perua para a quarta e definitiva sessão de fotos. Após
descer do avião, o programador deve ter pressentido nossa
"má intenção" e ligou para o Marquinhos
perguntando: "Cadê a Paratizinha?", ao que nosso
cúmplice respondeu: "Os caras da Auto Power pegaram
para fotografar". "Ah vá! ... Eu ia mandar cromear
as rodas e o rack. Ela ainda não tá pronta. Sacanagem
do Teco e do Japa", praguejou o amante do brilho total.
É, amigos da performance que estão conosco todos
os meses, às vezes são necessários artifícios
pouco ortodoxos para conseguirmos uma matéria interessante.
Um "furtinho", uma coação de sócio
e até mesmo um risco de processo, fazem parte de nosso emocionante
dia a dia. O que vale é poder trazer para vocês as
últimas novidades e informações do "Maravilhoso
Mundo da Performance". No final das contas, nada como um almoço
farto oferecido ao nosso (diga-se de passagem) guloso amigo preparador
para resolver a "saia justa" no retorno de sua viagem.
Esqueci de comentar que propina também faz parte deste cotidiano
digno dos melhores filmes de Mr. Bond James Bond. Brincadeira, não
levem a sério tais comentários. Alguns dos preparadores
presentes nestas páginas já são amigos meus
há mais de dez anos. Estes caras já até viram
uma farta e bela cabeleira nesta esférica "cabeçona"
que lhes transmite informações com tanta "graça
e leveza".
O emulador
Todos os programas oferecidos pela NPC Performance para
o motor 1.0 16V turbo foram revistos após a chegada do veículo;
ter um automóvel próprio ajuda muito no processo de
desenvolvimento. Tudo foi programado e testado em "tempo real"
com emulador ECM 2001 da Alien Tech, empresa italiana especializada
em componentes e softwares para reprogramação de sistemas
de injeção eletrônica e que tem como representante
no Brasil a Prado Power Chips de Cascavel (PR). Antes de continuar
a despejar informações, vai o esclarecimento para
quem não está familiarizado com reprogramação
de sistemas de injeção eletrônica.
O emulador é um equipamento que consegue alterar a programação
do sistema de injeção com o veículo em movimento,
o programa é desenvolvido em condições reais
de utilização, por isso o termo: em tempo real.
Foi um grande avanço para toda indústria de performance.
Antigamente, quando injeção era novidade e tínhamos
de fugir de tigres de dente de sabre e acender o fogo, esfregando
gravetos em mato seco, a programação era feita no
laboratório e, somente depois de instalado o ECM (também
conhecido como módulo de injeção) no veículo
é que se podia atestar se o novo programa havia obtido o
resultado desejado. Era um processo tedioso, desgastante e até
mesmo frustrante. Em 1996, montei um Alfa Romeo 164 turbo para o
Amir Efrain, hoje proprietário da Dynojet do Brasil; o programador
era o Élcio da All Car Racing. O veículo era destinado
exclusivamente à velocidade final. Programar um Alfa que
"virava" 268 km/h de velocidade real, cortando de quinta,
em vias públicas e ainda ter de voltar para o laboratório
do Élcio quando não dava certo, era tudo o que eu
descrevi no parágrafo anterior: tedioso, desgastante e frustrante.
Que as "crianças" não tomem como exemplo as aventuras
descritas acima, pois o "ambiente de trabalho" era razoavelmente
controlado, os testes eram realizados numa super (e deserta) estrada
de quatro faixas nas madrugadas de domingo e segunda-feira.
Fim da "enrolação"
No dia em que a Parati "caiu nas garras" do preparador
com meros 48 km rodados, já estava recebendo o conta-giros
Auto Meter/Auto Gage com shift light e o manômetro Sport Comp
com vácuo para poder controlar melhor a pressão da
diminuta Garret GT 12R. O módulo original foi removido, e
um com a placa e chicote para o emulador foi instalado. Com o "laptop"
e Scanner conectados, monitor de mistura por sonda lambda HIS e
multímetro, pirômetro EGT (Exhaust Gas Temperature
ou Temperatura de Gás do Escape) Auto Meter instalados, com
o Fábio no banco traseiro e com este que lhes escreve ao
volante, as alterações nos parâmetros de tempo
de injeção de combustível, mapa de ignição
e overboost começaram.
Após infindáveis kilômetros rodados, teclados
suficientes para escrever metade desta maravilhosa Revista, uma
embreagem original, dois catalisadores e uma enorme conta no posto
de combustível, três programas básicos com opções
quase infinitas de variações surgiram: gasolina, álcool
e álcool "fritador de embreagem", que necessita
de mais alguns equipamentos de performance para funcionar correta
e seguramente. Os dois primeiros programas resultam numa potência
de 140 a 144 HP (dinamômetro Bosch, já calculados os
fatores de correção), o terceiro garante no mínimo
155 HP. As variações de potência são
completamente normais e dentro de padrões aceitáveis.
Apesar de ser uma ciência "exata", a preparação
sofre com uma série de variáveis em todo o mundo.
Como esta é uma Revista que mostra tudo o que acontece nos
bastidores do mercado e a NPC Performance já mediu um sem número
de 1000 turbo no "Bosch", fica aqui registrado que existe
uma variação de potência de um carro para o
outro.
A perua de nosso amigo está equipada com o programa mais
potente. Fazem parte do pacote: "fritador de embreagem";
filtro de ar cônico de algodão da americana K & N da
série RR com captação de ar também pela parte frontal,
válvula Festo de regulagem de pressão de turbo, velas
NGK BR 9 ES com o sextavado usinado pela Ancona High Performance
para manter a câmara de combustão fria e livre de detonação
e bicos de injeção Magneti Marelli retrabalhados pela
própria NPC Performance , com 40% a mais de vazão se comparados
aos originais. Além, é claro, de embreagem Displatec
de São Paulo (SP) com platô com carga mais elevada
e disco com pastilhas de material sinterizado.
No quesito "brilhante": grade dianteira, retrovisores,
película dos vidros e o "discreto" adesivo aplicado
às laterais do veículo. As rodas modelo RS4 17 X 7,5''
fabricadas pela Binno em breve sofrerão o mesmo fim. Foram
montadas pela HR, de São Bernardo do Campo (SP), com pneus
Toyo Proxes T1 S 205/40/17. No interior, além dos instrumentos
já citados no início da matéria, os bancos
e laterais foram forrados em couro pela Bantec de São Paulo
(SP), e os tapetes de alumínio da Fôlego de São
Paulo (SP) mantém o tema cintilante, tão almejado
pelo proprietário. A diversão a bordo é garantida
pelo sistema de som composto por "head unit" Pioneer 8200R
e equalizador DEQ 9200 da mesma marca. Módulo para estéreo
BOSS REU 735 e kit de voz Hurricane na dianteira. No porta malas,
disqueteira Pioneer para 12 CD's, módulo Falcon e caixa "dutada"
com dois subwoofers de 12" Bomber. Para completar a "pegada"
de desempenho e não deixar que o encontro com um eventual
oponente que não "bote muita fé" no pequeno
motor turbo da Volks seja muito prolongado, kit de óxido
nitroso NOS de um fogger calibrado com 40 HP e bomba elétrica
externa Bosch de Gol Gti, garantindo a alimentação
do comburente letal.
A maior novidade
Uma novidade muito bem vinda é o kit de freios de RG Racing
Engineering, que a NPC Performance vem comercializando. Na dianteira, discos
de 305mm de diâmetro com suportes para deslocar as pinças
e, na traseira, conversão para discos com pinças de
Kadett GSI, que, no kit normal, utiliza pinças de Audi A3/Golf IV.
A exigência sobre as pinças traseiras veio do próprio
Fábio, que comentou no dia em que o sistema chegou com o
"Beco", proprietário da RG Racing Engineering:
"Ah vá! Eu quero cromear as pinças, estas aqui
não servem". Eu avisei que o cara é meio "neura"
com cromo. Com toda a paciência do mundo, "Beco"
levou as unidades de alumínio e, após alguns dias,
voltou com as atuais. A eficiência dos freios é enorme
e ele ficou muito bem modulado. Já montei alguns sistemas
adaptados que nunca funcionavam de acordo, ou o pedal ficava muito
baixo ou a traseira era muito sensível ou, pior ainda, as
duas coisas aconteciam. "Beco" é um engenheiro
extremamente capaz, que tem algumas obras famosas em seu currículo,
tais como: a participação no desenvolvimento do chassi
da atual Stock Car V8 e do Super Mégane; um projeto impressionante
da Renault do Brasil de um super bólido de Turismo, que deve
estrear no próximo ano.
Além de freios gigantes, que poderiam ancorar um petroleiro,
ele também desenvolve amortecedores com corpo de alumínio
do tipo "coil over" para qualquer veículo de rua,
pista ou fora de estrada, com reservatório externo para refrigeração.
O que posso dizer sobre o sistema é que eu já encomendei
um, o 300 ZTR, que vai usar um "um pouquinho" maior, e
que eu sugiro a aquisição de cintos de segurança
de, no mínimo, quatro pontos para que ninguém fique
parecendo aqueles Garfield de pelúcia, colados no pára-brisa
na hora de pisar no pedal do freio. Brincadeiras à parte,
o sistema era o que faltava no Brasil para quem pensa em performance
séria. É bem verdade que os discos traseiros são um
pouco ruidosos no carro do Fábio, mas a capacidade de frenagem
e de não superaquecer (e consequentemente fadigarem) vale
o pequeno incômodo. "Beco" garante que a culpa são
das pinças que não fazem parte do kit padrão.
Uma brilhante (em todos os sentidos) combinação de
equipamentos e um trabalho de preparação fazem da
Parati um belo exemplo de veículo alterado com seriedade
tanto no gosto pessoal quanto no resultado final
Voltar para o índice das publicações
|
|