Revista HOT – Ed. 48

As linhas ousadas do Focus Hatch sempre cativaram os fãs do tuning. Já a versão sedan… Bem, digamos que ela tem mais cara de “carro de tio”, para levar a família. Foi pensando no estilo familiar que o técnico em eletrônica Fernando Bispo dos Santos comprou esse Focus Sedan GLX 2.0 16V 2002. Logo com 12 Km rodados – o trajeto da concessionária para a casa de Fernando -, o carro já ganhou novas rodas, mas as idéias “tuneiras” não passavam disso.
A família andava feliz no confortável Ford, até que Fernando começou a se empolgar vendo revistas e sites de tuning e preparação. “Pensei em comprar um Golzinho só para turbinar, mais conheci uma oficina que se dizia ‘expert’ no motor Zetec 2.0 16V. Resolvi então investir no próprio Focus”, conta. Mal sabia ele que a tal “oficina especializada” iria cometer tantos erros ao turbinar o Ford, que até o bloco do motor rachou. Amargando o “preju” e com o carro parado, Fernando pensou até em desistir, mas então conheceu o pessoal da NPC Performance e confiou a preparação do Focus a eles. Antes, esclareceu o que queria: “Não sou muito de acelerar forte, só gosto de dar ‘cutucadas’ na traseira das BMW de vez em quando. Por isso, não queria uma pegada brutal na hora que o turbo entra, mais sim algo como um carro turbo original”.
Ao acelerar o Focus depois do upgrade percebe-se que o objetivo foi atingindo. Com um turbo APL .42 .63 enviando 0,7 Kg de pressão máxima, o Zetec vem lisinho até 3.500rpm, depois disso cresce disposto (porém sem coices) até as 6.100 rpm – rotação em que surgem os 288,5 cv de potência do motor, medida em dinamômetro. Usando álcool, ficou gostoso de andar forte (antes tinha apenas 130 cv), sem perder o conforto em baixos giros.

O novo escape de 2,5″ em aço carbono com abafador SilenPro garante o ronco característico de carro bravo.
Com o Sedan espirrando bonito, era hora de cuidar do resto. “Se pego algo para fazer, vou até o fim, sou meio compulsivo. Para se ter idéia, comecei a juntar videogames e hoje tenho a maior coleção do gênero do Brasil”, explica Fernando. Daí, não demorou para que o Ford ganhasse muito mais aparatos: kit nitro, visual invocado, suspensão a ar, interior completo, muito som e DVD. Mas, e a idéia do “family car”? “Ah, já era… comprei uma Blazer para levar a turma. O Focus agora é só para curtir!”

Preparação criteriosa

Depois de perder um bloco de Zetec 2.0 16v, Fernando aprendeu muito sobre preparação. “É um trabalho sério, tem que ser feito por gente conhecida”, afirma, satisfeito com o trabalho da NPC Performance. Além do turbo, o carro ganhou intercooler frontal de alumínio, novos bicos de 65 lbs/hora e um clamper HIS para enganar a central de injeção que foi remapeada pela NPC Performance – veja detalhes na ficha técnica.
Com os 288,5 cv e 34,9 kgfm atingidos pelo motor com a preparação, a embreagem teve que ser reforçada com disco de seis pastilhas cerâmicas e platô de 1.200 libras. E como o Focus ainda dispõe de mais 30 cv vindos de um kit nitro da NOS, uma boa providência foi à instalação de novos discos de freio e pastilhas dianteiras da Power Brakes. Atrás, saíram os tambores da versão GLX para entrarem os freios a disco do Focus Guia.
Na suspensão, além do sistema a ar, os amortecedores foram trabalhados para 40% a mais de rigidez. Com o carro pronto, Fernando agora está preparando um motor igual, mas forjado. “Nem pretendo aumentar a pressão do turbo, quero apenas andar mais tranqüilo, sem me preocupar com quebras”, explica.

Tuning Internacional

Uma das vantagens de tunar um carro com similar europeu, como no caso Focus, é a grande variedade de peças disponíveis. Um bom exemplo são os belos faróis alemães escolhidos, que têm fundo escuro e arcos Angel eyes. As lanternas transparentes Altezza também vieram de fora, enquanto o turbo timer (para programar o desligamento do motor) da Apéxi, foi comprado por um amigo de Fernando que mora no Japão. O body kit é brasileiro, com pára-choque dianteiro da KM Tuning e traseiro da Personal Parts. A Supensound foi responsável pelo sistema de suspensão ar, operada por controle remoto. Basta um toque no controle para que os pára-lamas do Focus “cheguem junto” das rodas TSW Reflex aro 17″, vestidas com pneus Toyo Proxes 205/45 R17. Ainda analisando o visual, vale destacar detalhes como os piscas agora brancos (antes eram laranjas) e os logos da SVT (preparadora da Ford) no lugar do símbolo oval da marca americana. Tem até um adesivo sobre o break-light, para se ver o nome “Focus” ao frear. Já o aerofólio foi feito por um artesão especialmente para o carro.

Completo é pouco!

Gostou do “visú” externo? Pois saiba que dentro do Focus tem muita coisa. No painel, agora com instrumentos sobre o fundo branco (obra da Velobakar), há uma profusão de equipamentos da Orlan Rober (conta giros, hallmeter, manômetros do turbo, do óleo e do combustível), além de um computador de bordo G-tech, que mede até aceleração de 0 a 100km/h, por exemplo. Soleiras e pedaleiras são da Shutt.
Acomodados nos bancos forrados de couro, é hora de ligar o CD Player da Pioneer (DEH 9600MP) ou o DVD da Boss, e se divertir à vontade. Para ouvir, em cada uma das quatro portas há um mid-bass Bravox, que toca junto com os falantes de 6″ da Buster – estes acomodados no tampão traseiro. Para ver, tem duas telas LCD de 7″, uma no teto da parte dianteira e a outra na parte interna da tampa do porta-malas.
Falando em porta-malas, lá o território é dominado pelo cilindro do nitro e também pelos dois subwoofers de 12″ da Rockford Fosgate. Para comandar isso tudo, foram necessários dois módulos (um Fosgate 4.6 para os falantes da porta) e um Pile drive 4.1 para o restante. A energia extra é garantida pela nova bateria Impact, de 80 A, que tem sua energia controlada por um mega capacitor (2FR b52).